Já falta pouco, muito pouco para a decisão final. Espero sim, que esta seja mesmo a final, e não seja novamente o adiar de algo inevitável.
É um facto que as coisas têm de mudar. A perseguição feita às mulheres é insuportável, inadmissível, uma vergonha! E, para aqueles que dizem que este argumento é obsoleto por não estarem presas mulheres pela prática de aborto, tenho também algo a dizer: a perseguição é o insulto, o apontar o dedo, a investigação, a clandestinidade e, sim, bastantes vezes, o julgamento. É a humilhação e o terceiro mundismo em que vivemos...
A mulher que aborta é quem mais sofre. Desengane-se quem pensar de outra forma. É uma decisão díficil, um dilema moral e, convenhamos, um sofrimento indesejado. Por isso, se uma mulher se submete a esta, só por si, pena, quem somos nós para a penalizar mais?
O aborto clandestino, dirão alguns, pode ser combatido de outra maneira. Ficou provado que não, não fossem já 9 os anos que nos separam do anterior referendo. São quantas as mulheres que abortam no vão das escadas por meia dúzia de tostões? Mais sorte têm as que vão a Badajoz, "turistas" constantes nacionais... E porquê?
Porquê insistir em dizer sim ou não ao aborto?! Digo e repito: não se pretende que o aborto seja considerado bom. Pretende-se, sim, que a mulher o faça com dignidade e sem perseguições, com condições e, já agora, no seu próprio país. Pretende-se que a mulher que esteja decidida a interromper a sua gravidez possa "preservar a sua integridade moral, dignidade social ou maternidade consciente". Pretende-se garantir a saúde física e psíquica da mulher e evitar consequências de maior...
Finalmente, tenho uma nova perspectiva da despenalização. Acho que, se for possível demover alguma mulher decidida a abortar de o fazer, será com a despenalização. Todos sabemos que a percentagem de mulheres que sofreram consequências é mínima, serve apenas de exemplo. Não é com esta ameaça absurda que vamos lá. Também não são os interessados no acto (leia-se médicos, parteiras ou quem quer que faz estas coisas hoje em dia), que cobram a peso de ouro esta proibição, que a vão demover de o fazer... Penso, isso sim, que é às claras, e após uma consulta num Centro de Acolhimento Familiar, que a mulher pode decidir em consciência. E penso que, se depois de tudo dito, a mulher quiser abortar, devemos deixá-la realizar o seu desejo. Nas melhores condições que lhe pudermos dar...
É só isso que se pretende com a lei que, esperemos, entrará brevemente em vigor. É por tudo isto que voto SIM no Referendo à DESPENALIZAÇÃO do aborto. Porque não estou no direito de julgar e não aceito que me julguem!
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