Está a chegar ao fim essa forma de governar que com Reagan e Thatcher atingiu o inimaginável, de ir liquidando os Estados para que fosse o sector privado a gerir. O desmantelamento paulatino do Estado em benefício do sector privado fez com que as grandes empresas se consolidassem e deixassem sentir o peso do seu poder.
Federico Mayor Zaragoza
Estamos a assistir à destruição dos Estados, ao domínio do poder económico sobre o poder político. O modelo social europeu, a que estamos tão apegados, pode vir a ser (...) destruído. Outra regressão civilizacional inaceitável.
Após o colapso do comunismo, entendeu-se que a economia de mercado, numa sociedade capitalista, seria a única capaz de funcionar. Não há democracia sem mercado. É verdade. (...) Mas o mercado não se confunde com a democracia, ao contrário do que pensam os neoliberais, que julgam que o mercado postula necessariamente a democracia. O que não é verdade. Houve muitas ditaduras que se acomodaram muito bem com as regras do mercado. Mas, pelo contrário, uma sociedade rigidamente planificada, como a soviética, não se dava com o mercado, porque postulava uma sociedade totalitária, sem liberdade... uma sociedade de funcionários, de dependentes...
(...) Economia social de mercado (...) parece muito mais apropriada às aspirações profundas das pessoas. Mercado, sim, porque somos a favor da liberdade, mas ao Estado compete corrigir as desigualdades sociais que o mercado necessariamente gera. Economia de mercado, sim, mas sociedade de mercado, não. A frase é de Lionel Juspin.
Mário Soares
Excertos da obra Um Diálogo Ibérico no Contexto Europeu e Mundial, Temas e Debates.
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